Carmina Burana de Carl Orff
Quando se fala de Carmina Burana, há toda uma geração que pensa automaticamente na épica publicidade do aftershave “Old Spice”, dos anos 70, ao som do célebre coro “O Fortuna”, que inicia e finaliza a obra. Contudo, a enorme riqueza desta cantata não se fica, de todo, por aqui.
Composta por Carl Orff entre 1934 e 1936, a sua estreia aconteceu em 8 de junho de 1937, na Ópera de Frankfurt.
O compositor escreveu esta obra sobre 24 poemas dos séculos xi, xii e xiii, por ele selecionados entre uma coletânea de manuscritos medievais recolhidos em diversas regiões da Europa e com o mesmo título: Carmina Burana. Tratavam-se de poemas medievais de caráter profano, escritos por clérigos e estudantes vagabundos que levavam uma vida à margem das regras.
A maioria dos poemas, em latim, fala de religião, canções de amor, de sátira, dos prazeres da vida e de embriaguez, com especial destaque para o famoso “In taberna quando sumus”.
A cantata está dividida em três secções distintas, de acordo com a temática dos poemas: I. Primo vere (Primavera); II. In Taberna (Na taberna) e III. Cour d’amours (A corte do amor). A obra inicia-se e termina numa alusão à roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente a boa e a má sorte, uma parábola da vida humana, símbolo do jogo de contrastes e contradições da própria vida, da riqueza, da sorte, do azar, onde tudo se transforma; a alegria em amargura e a esperança em tristeza.
Esta cantata profana — escrita para um grande coro, um coro reduzido, um coro infantil (facultativo), três solistas (soprano, tenor e barítono) e uma grande orquestra — é a obra escolhida para o ateliê sinfónico deste 1.º Festival de Música de Verão de Manteigas, pelas diversas características que reúne: a força rítmica e melódica de muitas das canções que a compõem, a relativa simplicidade da sua escrita, que permite a participação de cantores com maior ou menor experiência, distribuídos pelo coro grande e/ou pelo coro reduzido e a enorme popularidade que tem conhecido desde a sua estreia em 1937.
Esta será uma oportunidade única de participar num projeto coral sinfónico com uma obra de grande impacto numa envolvente extraordinária em pleno coração da Serra da Estrela, a Vila de Manteigas.